Sonhar Juntos, Agir Agora: Entre a Solidariedade e o Compromisso com a Casa Comum

26 de junho de 2025, quinta Sonhar Juntos, Agir Agora: Entre a Solidariedade e o Compromisso com a Casa Comum

“Ninguém pode enfrentar a vida isoladamente; precisamos de uma comunidade que nos apoie, que nos auxilie e dentro da qual nos ajudemos mutuamente a olhar em frente. Como é importante sonhar juntos! Sozinho, corre-se o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é junto que se constroem os sonhos.” A reflexão do Papa Francisco, mais do que uma citação inspiradora, é um chamado urgente à responsabilidade coletiva.

Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul foi duramente atingido por uma tragédia climática sem precedentes. Diante da destruição, brotou uma onda de solidariedade que emocionou o país. Comunidades se uniram, voluntários se multiplicaram e diversos setores da sociedade exigiram ações concretas: ajuda financeira, reconstrução de moradias, políticas preventivas.

No entanto, treze meses depois, o cenário se repetiu. As chuvas voltaram intensas, com novas perdas humanas, materiais e emocionais. E novamente, os mesmos discursos: “choveu acima da média”, “não é possível prever”, “estamos empenhados em ajudar”. Embora tais falas tenham seu valor, é inegável: a urgência da situação exige mais do que palavras. A burocracia, a lentidão e a falta de transparência impedem que a solidariedade se transforme em políticas públicas eficazes e duradouras.

Vivemos hoje não mais apenas na “sociedade do cansaço”, mas na “sociedade do medo”. O medo que assombra os mais pobres, que convivem diariamente com a insegurança, a precariedade e agora, com a ameaça constante de novas tragédias naturais. O medo que paralisa, mas que também pode mobilizar.

A dor da terra, como dizia São Paulo, são dores de parto. A natureza grita, chora, geme. E muitos ainda insistem em negar a responsabilidade humana na degradação ambiental. Apesar disso, vozes proféticas se levantam. Entre elas, a de Francisco, o Papa, que tem sido incansável em lembrar que a criação é sagrada, que a Casa Comum precisa ser cuidada e que a fé verdadeira exige compromisso concreto com a justiça ecológica.

Não basta esperar do poder público. É preciso agir. Cada cidadão pode – e deve – contribuir com pequenas atitudes: separar corretamente o lixo, zelar pelos espaços públicos, evitar o descarte irregular de resíduos, fiscalizar, cobrar, participar.

É juntos que se constroem os sonhos, repete o Papa. E esse sonho comum, de um futuro sustentável, seguro e digno para todos, depende do esforço compartilhado de hoje. Que a tragédia não se repita apenas como lamento, mas como ponto de virada. O tempo é agora. A reconstrução é coletiva. E a esperança, se for sonhada junto, pode se tornar realidade.

Com informações de https://www.cnbb.org.br/lagrimas-da-casa-comum/

Por Wander Soares