De onde vem a devoção ao Sagrado Coração de Jesus
02 de junho de 2025, segunda
À medida que se aproxima a celebração do Sagrado Coração de Jesus, muitos fiéis se perguntam sobre as origens dessa devoção que há séculos toca profundamente o coração da Igreja. A prática de honrar o Coração de Jesus começou a ganhar forma no século XI, quando cristãos devotos meditavam sobre as cinco chagas de Cristo crucificado. Com o passar do tempo, diversas orações e práticas piedosas — como a veneração à ferida no ombro de Jesus — se difundiram entre os fiéis, levando-os a aprofundar-se no mistério da paixão e a alimentar um amor mais íntimo por Jesus.
A primeira celebração litúrgica dedicada ao Sagrado Coração foi realizada apenas em 1670, pelo padre francês Jean Eudes. Mas foi por meio das visões místicas da religiosa Margarida Maria Alacoque que essa devoção ganhou forma e força. Em dezembro de 1673, Jesus apareceu à irmã Margarita e lhe permitiu repousar a cabeça sobre Seu Coração, assim como havia feito anteriormente com Santa Gertrudes. Nessa experiência profunda de comunhão espiritual, Cristo revelou a ela a profundidade de Seu amor e a missão que lhe confiava: tornar conhecida ao mundo a Sua infinita bondade.
No ano seguinte, entre junho e julho de 1674, Margarida relatou que Jesus desejava ser venerado com a imagem de Seu Coração humano, ferido e ardente de amor. Pediu ainda que os fiéis O recebessem frequentemente na Eucaristia, sobretudo na primeira sexta-feira de cada mês, e que dedicassem uma hora especial de adoração, conhecida como Hora Santa. Em 1675, durante a oitava da solenidade de Corpus Christi, a santa viveu o que se tornou conhecido como a “grande aparição”. Nessa revelação, Jesus pediu que a festa do Sagrado Coração fosse celebrada anualmente na sexta-feira seguinte ao Corpus Christi, como reparação às ofensas e ingratidões cometidas contra Seu sacrifício redentor.
Após a morte de Santa Margarida Maria, em 1690, a devoção ao Sagrado Coração começou a se difundir com mais intensidade. Ainda assim, a Igreja, prudente quanto a revelações particulares, só aprovou oficialmente a festa em 1765, inicialmente para a França. Mais tarde, em 8 de maio de 1873, o papa Pio IX concedeu aprovação formal à devoção, reconhecendo seu valor espiritual para toda a Igreja. Em 1899, o papa Leão XIII recomendou solenemente que todos os bispos do mundo celebrassem a festa em suas dioceses, dando novo impulso à sua propagação global.
Com o reconhecimento da Igreja, foram também concedidas indulgências aos fiéis que se dedicassem à devoção com sinceridade e fé. Entre elas, indulgências parciais e plenárias para aqueles que a praticam de forma privada ou pública, especialmente durante o mês de junho, dedicado ao Sagrado Coração. Também foram beneficiados sacerdotes que pregam sobre o tema e reitores de igrejas que promovem solenidades específicas, como a celebração do Altar Gregoriano. Essas graças espirituais confirmam a riqueza dessa devoção, que não apenas alimenta a piedade pessoal, mas também convida os cristãos a se unirem em reparação, adoração e confiança no amor misericordioso de Cristo.
Assim, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus permanece viva, inspirando gerações a se voltarem ao amor divino encarnado, representado por um Coração que pulsa de compaixão e desejo de salvação para toda a humanidade.
por Wander Soares
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