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Padre Zezinho
Padre, cantor, catequista
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Católicos não-violentos

Pecaríamos contra Deus e contra a nossa Igreja se, por alguém ter ofendido a Jesus Cristo pedíssemos a sua morte, ou se por alguém ter ofendido a nossa Igreja queimássemos os templos da Igreja dele. Não temos outra escolha senão perdoar e buscar diálogo. Se respondêssemos com violência, vingança e terrorismo estaríamos provando que somos uma igreja violenta, ou pelo menos, que entre nós se tolera grupos católicos violentos.
Os católicos já foram muito violentos. Invadiram paises, queimaram, incendiaram e fizeram escravos. Até bem recentemente grupos políticos como o Eta e o Ira, nos quais militavam católicos engajaram-se em atos violentos. A Igreja os desaprovou. Mas uma religião muda e se converte. Hoje para nós, nada mais justifica o recurso à violência, nem para defender nossa honra, nem para defender o nosso Deus. Está claro para um católico que não se joga bomba, nem se põe fogo nem se mata em nome de Jesus, ou dos santos ou de nossas convicções. Se outros grupos religiosos arranjam explicações para os seus membros violentos, nós não as temos mais. Se um sacerdote católicos incentivar ou comandar atos de violência será certamente suspenso de ordens ou expulso do ministério.
Levou séculos para chegarmos a esse comportamento, mas a verdade é que, hoje, em muitos paises quem mais morre pelos outros são os católicos. A maioria dos mártires da América Latina era de formação católica: arcebispos, bispos, padres, irmãs e leigos. Quem era católico e persistiu na violência acabou rompendo conosco, porque não teria lugar entre nós. Detalhe importante: nossos mártires não morreram matando.
Penso que seja interessante lembrar isso, agora que outra vez o papa é ameaçado de morte e alguns grupos extremistas se vingam, atacando nossos templos, matando os nossos ou criando dias de ira contra o papa cujos pedidos de desculpas não foram ouvidos por muitos irmãos do lado de lá. Mas está claro como a luz do dia que quem fez uso da violência para provar que sua religião não é violenta caiu em contradição e com isso prejudicou a religião cuja honra quis defender. Religião, aliás, que tens muitos homens serenos e ponderados, dignos de admiração e de respeito. Lá como cá há muita gente santa. E há os violentos.
Não conhecemos em detalhes o Islamismo, mas está nos nossos documentos que é uma religião cheia de valores. Eles também não nos conhecem, mas admiram Jesus e Maria. No passado os católicos já os invadiram e eles já nos invadiram e dominaram paises católicos por séculos. Ofenderam-nos e nós os ofendemos gravemente; às vezes querendo e, às vezes, sem querer. Somos humanos e nossas palavras à vezes tomam dimensões que jamais desejaríamos. Além disso, nem sempre conseguimos controlar os nossos membros mais exaltados.
Vejo com tristeza o rumo que tomaram algumas palavras do papa. Penso nos que de ambos os lados desejam moderação e nos que atiçam ainda mais lenha na fogueira. É o que Jesus quereria? Temos 600 anos a mais do que eles. É o que Maomé desejaria? Vieram depois e dizem que Maomé tinha algo melhor do que nós a oferecer ao mundo. É o que Deus quer? Quanto tempo levará para convencer-nos uns aos outros que podemos errar de ambos os lados? Quanto mais para pedirmos perdão? Quanto ainda para nos perdoarmos? Matar e cerrar os punhos contra os outros em nome da fé? Progredimos ou retrocedemos? E então? Por causa do que fez Ali Agka contra um papa na casa do papa ou por uma frase do papa nos atacaremos na próxima esquina? É isso o que nossas religiões ensinam?
Fonte: www.padrezezinho.com