Mons. Munilla critica a imprensa que distorceu a mensagem do Papa em entrevista

21 de setembro de 2013, sbado Mons. Munilla critica a imprensa que distorceu a mensagem do Papa em entrevista

O Bispo de San Sebastián (Espanha), Mons. José Ignacio Munilla, criticou que os meios de comunicação seculares tenham distorcido a mensagem do Papa Francisco em sua entrevista com a Civiltà Cattolica, assinalando que ou “se equivocaram ou tentaram deformar a realidade”.

O texto da entrevista do Papa Francisco com a revista a cargo da Companhia de Jesús foi manipulado por diversos meios de comunicação de todo mundo, que tentaram apresentar ao Santo Pai como oposto à luta pró-vida e pró-família, concretamente nos temas do aborto e a homossexualidade, bem como apoiante de uma sorte de “esquerda” da Igreja.

No caso de dois meios espanhóis, O País e A Vanguarda, destacaram em seus manchetes que o Papa disse que “jamais fui de direitas”.

Em declarações à Corrente COPE de Espanha, Mons. Munilla disse que “com todos meus respeitos para O País e a Vanguarda, que o sacaram em portada e sacaram essa frase em portada de uma entrevista de 27 folhas, eu creio que se equivocaram plenamente ou tentaram deformar a realidade. Creio que não entenderam o contexto no que estava pronunciada”.

“O Papa não falava de política”, explicou o Bispo, indicando que suas palavras se deram em “um contexto no que estava contando sua vida, e dizia como tinha sido acusado de ultraconservador, de ser muito autoritário e o dizia bom ‘eu nunca fui de direitas’”.

“O próprio Antonio Spadaro, que é o autor da entrevista, já comentou que esse termo pronunciado por um argentino claramente se refere à ditadura argentina. Isto é que o Papa nunca apoiou a ditadura argentina”.

O Papa, remarcou o Prelado, “nunca teve uma conivência com aquela ditadura militar”.

Mons. Munilla indicou que “obviamente o Papa nos diria, desde nosso contexto europeu, eu nem sou de direitas nem sou de esquerdas”.

O Bispo de San Sebastián assinalou ademais seu convencimento de do que “neste tempo no que vivemos, uma pessoa secularizada de direitas pensa substancialmente o mesmo que uma pessoa secularizada de esquerdas”.

“No fundo, quando perdemos nossas raízes espirituais, o pensamento acaba parecendo-se muito o um ao outro”, disse.

Sobre as reflexões do Santo Pai sobre o papel da mulher na Igreja, Mons. Munilla indicou que “o que o Papa deixou claro, tanto na roda de imprensa em Rio de Janeiro como nesta entrevista, é que aqui não se trata de reivindicar o sacerdocio feminino porque está fora de lugar, e é algo que não está nas mãos da Igreja mudar”.

“No fundo o que pode estar em debate na Igreja não é tanto as funções que se lhe dão à mulher, porque na Igreja Católica não há nenhuma função que um seglar, um laico varão possa fazer, que uma mulher não possa fazer”, senão “procurar um pouco um equilíbrio entre as funções que temos os que somos clérigos, os que somos sacerdotes , e as que têm os seglares, os laicos, sejam varões ou sejam mulheres”.

Mons. Munilla remarcou que “o que diz o Papa é que é importante aprofundar na teologia da mulher, para receber toda a riqueza de seu gênio”.

O Bispo de San Sebastián advertiu que se alguém pensa que nas palavras do Papa na entrevista com a revista jesuíta “há por parte do Papa um não se sentir cômodo com a postura da Igreja sobre esses temas”, como são o aborto e as uniões homossexuais, “desde depois se equivoca totalmente, por afastar-se ou distanciar-se da doutrina da Igreja ao respecto”.

O que diz o Papa, explicou, é que “quando nos vem uma pessoa com feridas de guerra não é o momento de olhar-lhe o colesterol e de tratar-lhe do colesterol. O primeiro é tratar-lhe das feridas de guerra, depois já lhe trataremos o colesterol”.

O Prelado assinalou que o primeiro para atender à pessoa é “proclamar a mensagem do amor de Deus, segundo, catequizarle, ou seja ordenar um pouco as idéias, e em terceiro lugar ordenar a vida nos aspectos morais”.

“Mas claro, se tu lhe apresentas a uma pessoa o primeiro a mensagem moral, quando ainda não entendeu o sentido da vida e a mensagem da fé, obviamente é começar a casa pelo telhado”.

O Bispo de San Sebastián criticou que “em grande parte costuma ser a distorção mediática a que dá a entender que a Igreja é a que fala exclusivamente desses temas morais”, assinalando como exemplo a “distorção” criada pelos artigos do País e A Vanguarda sobre as declarações do Papa Francisco.

“Quando os Bispos falamos de muitíssimos temas e não têm repercussão mediática, e no entanto o dia que mentamos não se que do aborto, esse dia nos ganhamos o manchete, também ajuda a que tenha um problema”.

Mons. Munilla lamentou que “há uma verdadeira incapacidade por parte dos meios de comunicação de recolher a mensagem da Igreja em sua integridade e geralmente se costumam reduzir às denúncias morais da mensagem da Igreja”.