Missionárias no Haiti transformam o sofrimento em esperança e milagres
15 de julho de 2025, tera
Em meio a uma das crises humanitárias mais desafiadoras do continente americano, um grupo de mulheres consagradas tem sido sinal de esperança no Haiti. Violência, pobreza extrema, catástrofes naturais, deportações e uma crise sanitária crescente assolam o país caribenho, exigindo respostas urgentes em áreas como saúde, educação, apoio psicológico e assistência humanitária. E é justamente aí que as religiosas se fazem presentes, levando não apenas medicamentos e alimentos, mas também caridade, dignidade e fé.
Entre essas mulheres está a irmã Maria Marthe Placius, religiosa haitiana da Congregação das Irmãs da Caridade Dominicanas da Apresentação da Santíssima Virgem. Sua missão começou com um chamado simples e profundo: “Dai-lhes vós de comer” — palavras de Jesus que ecoaram dentro dela como um apelo concreto diante da vulnerabilidade do seu povo.
Uma missão movida pela fé
Em Croix des Bouquets, nos arredores de Porto Príncipe, Ir. Maria Marthe decidiu não cruzar os braços diante da dor do seu povo. “Tive medo de cruzar os braços, sem levar qualquer conforto ao meu povo que está sofrendo e gritando as suas dores”, revelou. A resposta ao medo foi a entrega. E mesmo com poucos recursos — “dois pães e cinco peixes”, como ela mesma diz —, confiou que Deus faria crescer aquilo que ela estava disposta a oferecer.
A missão, segundo a religiosa, é sustentada pela oração, pela vida comunitária e pela coragem de permanecer. “Como haitianas, sentimos que é um dever viver e morrer na luta para ajudar as pessoas no momento em que mais precisam de nós. O objetivo principal das nossas missões é anunciar Jesus Cristo”, declarou.
Clínica Saint Esprit: um oásis em meio ao deserto
Na Clínica Saint Esprit, em meio ao caos social e à insegurança, as irmãs oferecem diversos serviços médicos essenciais. Mesmo enfrentando falta de recursos, o atendimento não para. São oferecidas consultas externas, assistência pediátrica, aconselhamento pré-natal e perinatal, além de um programa de nutrição que hoje atende cerca de 125 crianças. Também são realizadas campanhas de vacinação, atendimento a portadores de diabetes e hipertensão, reabilitação e doação de cadeiras de rodas.
A missão não se limita aos muros da clínica. As irmãs gerenciam outro centro pediátrico, uma creche e programas de bolsas de estudo para crianças em situação de vulnerabilidade. Elas também atuam na Escola de Marie Poussepin, onde educação e valores caminham lado a lado.
“Na educação das crianças na fase pré-escolar, ensinamos o valor da vida através de jogos e atividades didáticas. Procuramos também motivar as famílias a viver os valores que modificam a atração pela violência, promovendo o respeito pela vida e a cultura do cuidado”, explicou Ir. Maria Marthe.
Coragem no meio do perigo
Escolher ficar no Haiti, em meio à instabilidade e ao medo constante de violência e sequestros, exige um chamado interior muito profundo. Ir. Maria Marthe contou que voltou à sua terra por discernimento e obediência ao que sentiu ser a vontade de Deus. “Com a oração e o apoio da minha comunidade estou em missão e, até agora, não me aconteceu nada”, disse, com serenidade.
Sua história é testemunho de que, como na multiplicação dos pães, Deus continua agindo através de gestos simples e doados com amor. A missão das religiosas no Haiti é um retrato vivo do Evangelho: onde há entrega sincera, a graça transforma o pouco em muito, e a dor em esperança.
por Wander Soares
Fonte: Vatican News
https://www.vaticannews.va
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