Líbano tenta se reerguer após guerra e sucessão de crises
15 de julho de 2025, tera
O Líbano, conhecido como o "País dos Cedros", começa a dar os primeiros passos em sua lenta recuperação após anos de guerra, crise financeira e instabilidade política. Dados recentes mostram que a inflação caiu pela metade, e o PIB, que havia despencado 60% nos últimos cinco anos, apresenta sinais de crescimento. Essa frágil, porém promissora, retomada econômica é impulsionada por um novo compromisso com reformas, transparência e diálogo com instituições internacionais.
No coração de Beirute, a movimentada Rue Huvelin – que leva o nome de um professor francês que fundou a faculdade de direito da Universidade Saint Joseph – simboliza a resistência libanesa. Foi ali que conversamos com Fouad Zmokhol, reitor da Faculdade de Economia da mesma universidade, que destacou a importância da educação e da juventude na reconstrução do país. "A educação é a ferramenta que fornece às novas gerações os valores e a mentalidade para construir um Líbano pacífico e unido", afirmou.
A Crise e Seu Legado de Desafios
A crise libanesa tem raízes profundas. Por duas décadas, o Banco Central do Líbano manteve um modelo financeiro insustentável, baseado em dívida a taxas fixas e uma taxa de câmbio artificialmente estável (1.500 libras por dólar). Esse sistema, que atraía capital estrangeiro com juros altíssimos, entrou em colapso em 2019, quando protestos massivos explodiram contra a corrupção e a escassez de liquidez bancária. Em 2020, o governo declarou falência, congelando saques em dólares e desvalorizando a moeda local em 98%, mergulhando mais de 80% da população na pobreza.
A pandemia e os choques energéticos globais agravaram a situação, reduzindo o PIB de US$ 50 bilhões para menos de US$ 20 bilhões em cinco anos. Sem um presidente estável, as negociações com o FMI ficaram paralisadas por dois anos, até que, em 2024, o novo governo "Reformas e Salvação" retomou o diálogo.
O Caminho da Recuperação
O Líbano busca reerguer-se por meio de um ambicioso plano de reformas negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que promete injetar US$ 4 bilhões em quatro anos em troca de mudanças estruturais. Entre as principais medidas estão a transparência nas finanças públicas, com maior fiscalização do Banco Central e dos ministérios-chave, o combate à evasão fiscal, a reestruturação do sistema bancário – ainda abalado pela crise de liquidez – e a redução de subsídios insustentáveis. O governo também aposta na modernização do Estado, com a digitalização de serviços públicos, e no estímulo a setores inovadores, como a economia verde e o ecossistema de startups, contando com o apoio estratégico da diáspora libanesa, que soma mais de 8 milhões de pessoas no exterior. Paralelamente, o país busca fortalecer sua inserção internacional, explorando parcerias no Mediterrâneo e acesso a mercados africanos, vistas como alavancas para reativar a economia. Embora o caminho seja árduo, com desafios como a desvalorização da moeda e a inflação residual, a retomada do diálogo com o FMI e a adoção de políticas mais austeras sugerem que o Líbano pode, finalmente, estar virando uma página sombria de sua história.
A Esperança nos Jovens
Apesar do êxodo de talentos – muitos jovens continuam emigrando em busca de melhores oportunidades –, Zmokhol vê na nova geração uma "força disruptiva". "Eles rejeitam a guerra, a corrupção e a divisão. São o Líbano que queremos ver", afirmou, enquanto estudantes passavam pelo jardim da universidade.
O caminho para a normalização ainda é incerto, mas a vontade de mudança é real. Em Beirute, onde os aromas dos cafés se misturam aos debates acadêmicos, a esperança parece, finalmente, menos ilusória. "É hora de virar a página", conclui Zmokhol. "A paz será o pilar mais importante do nosso futuro."
Fonte: Vatican News
https://www.vaticannews.va
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