A droga e as dependências são uma prisão invisível a combater, alerta Papa Leão XIV
26 de junho de 2025, quinta
Este 26 de junho é o Dia Internacional de Combate às Drogas e o Pontífice recebeu cerca de 3.500 pessoas no Vaticano, convocando os jovens a serem protagonistas "da renovação de que nossa Terra tanto precisa". A jornada de conscientização "nos compromete em uma luta que não pode ser abandonada enquanto alguém ainda estiver aprisionado nas diversas formas de dependência": "juntos, sobre cada dependência que degrada, faremos prevalecer a dignidade infinita impressa em cada um".
No Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas, instituído há 38 anos pela ONU para conscientizar a população global sobre os problemas sociais criados pelo fenômeno, o Papa Leão XIV recebeu cerca de 3500 pessoas no Pátio São Dâmaso. "A presença de vocês aqui é um testemunho de liberdade", disse o Pontífice, ao acrescentar:
“A droga e as dependências são uma prisão invisível que vocês, de diferentes maneiras, conheceram e combateram, mas todos nós somos chamados à liberdade. Ao encontrá-los, penso no abismo do meu coração e de cada coração humano.”
Dados do fenômeno no Brasil e no mundo
Atualmente, o uso e abuso de álcool e outras drogas constituem um dos mais importantes problemas de saúde pública no mundo, por isso a jornada desta quinta-feira, 26 de junho, enfatiza a necessidade de planejar ações de combate à dependência química e ao tráfico de drogas. Segundo o Relatório Mundial do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) divulgado nesta quarta-feira (25/06) com a análise mais recente das estimativas e tendências da procura e oferta de drogas, em 2023 quase 316 milhões de pessoas usaram alguma forma de droga (excluindo álcool e tabaco), ou seja, 6% da população mundial entre os 15 e 65 anos (em comparação com 5,2% em 2013). A cannabis continua sendo a droga mais usada. No Brasil, a 3ª edição do Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), divulgada no início de junho, revelou que o número de pessoas que fizeram uso recente de cocaína e crack no país permaneceu estável na última década. Mesmo assim, o Brasil é a segunda nação no mundo, atrás apenas dos EUA, com maior consumo dessas duas drogas.
Combater o mal juntos
O Ano Santo do Jubileu, porém, recordou o Papa em discurso, leva esperança a todos, especialmente a quem tem "a dignidade tantas vezes diminuída ou negada". Uma esperança que é "a luz reencontrada através de um grande trabalho", como a imagem proposta por Leão XIV de Jesus ao encontrar os discípulos no cenáculo na noite da Páscoa:
"Traz a paz, recria-os com o perdão, sopra sobre eles: infunde-lhes o Espírito Santo, que é o sopro de Deus em nós. Quando falta o ar, quando falta o horizonte, a nossa dignidade murcha. Não esqueçamos que Jesus ressuscitado vem novamente e traz o seu sopro! Ele faz isso frequentemente através das pessoas que vão além das nossas portas fechadas e que, apesar de tudo o que possa ter acontecido, veem a dignidade que esquecemos ou que nos foi negada."
O Papa convida, assim, para "vencer o mal", "combater a injustiça" e "encontrar a alegria" juntos. Basta olhar "ao nosso redor" e "ler nos rostos uns dos outros" uma atitude que "que nunca trai: juntos". Sobretudo neste Dia Internacional de Combate às Drogas:
"O dia de hoje, irmãos e irmãs, nos compromete em uma luta que não pode ser abandonada enquanto, ao nosso redor, alguém ainda estiver aprisionado nas diversas formas de dependência. O nosso combate é contra quem faz das drogas e de qualquer outra dependência – pensemos no álcool ou no jogo de azar – seu imenso negócio. Existem enormes concentrações de interesses e organizações criminosas ramificadas que os Estados têm o dever de desmantelar. É mais fácil combater as suas vítimas. Com demasiada frequência, em nome da segurança, travou-se e continua-se a travar a guerra contra os pobres, enchendo as prisões com aqueles que são apenas o último elo de uma cadeia de morte. Quem segura a cadeia nas suas mãos, por outro lado, consegue ter influência e impunidade. As nossas cidades não devem ser libertadas dos marginalizados, mas da marginalização; não devem ser limpas dos desesperados, mas do desespero."
Ao invés da dependência, a dignidade
O Jubileu, afirmou o Papa, nos indica "a cultura do encontro como caminho para a segurança, nos pede a restituição e a redistribuição das riquezas injustamente acumuladas, como caminho para a reconciliação pessoal e civil". Assim, "vamos seguir juntos, então, multiplicando os lugares de cura, de encontro e de educação: percursos pastorais e políticas sociais que comecem na rua e nunca deem ninguém por perdido", exortou Leão XIV, ao convocar os jovens a serem os protagonistas "da renovação de que nossa Terra tanto precisa", porque "Deus faz grandes coisas com aqueles que liberta do mal":
"Se vocês se sentiram rejeitados e acabados, agora não são mais. Os erros, os sofrimentos, mas sobretudo o desejo de vida que vocês carregam, fazem de vocês testemunhas de que é possível mudar. A Igreja precisa de vocês. A humanidade precisa de vocês. A educação e a política precisam de vocês. Juntos, sobre cada dependência que degrada, faremos prevalecer a dignidade infinita impressa em cada um."
Fonte: Vatican News
https://www.vaticannews.va
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